quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sofrimento é Opcional

"A dor não é algo que possamos evitar, mas o sofrimento sim. Este é opcional."

ISTO TAMBÉM PASSARÁ

Havia, certa vez, um rei sábio e bom, que já se encontrava no fim de sua vida. Certo dia, pressentindo a chegada da morte, chamou seu único filho, que o sucederia no trono, tirou do dedo um anel e deu-o a ele dizendo:
- Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando estiveres vivendo situações extremas de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele.
E o rei morreu, e seu filho passou a reinar em seu lugar, sempre usando o anel que o pai lhe deixara. Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho, que acabaram culminando numa terrível guerra. O jovem rei, à frente do seu exército partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, seus companheiros lutavam bravamente; mortos, feridos, tristeza, dor, o rei lembra-se do anel; tira-o e lê a inscrição:
ISTO TAMBÉM PASSARÁ.
E ele continua a luta. Perde batalhas, vence outras tantas, mas ao final, sai vitorioso. Retorna, então, ao seu reino e, coberto de glória, entra em triunfo na cidade. O povo o aclama. Neste momento ele se lembra do seu velho e sábio pai. Tira o anel e lê:
ISTO TAMBÉM PASSARÁ.
"Tudo é impermanente. Tudo que está sujeito ao surgimento está sujeito à cessação". - Buda

A compreensão da impermanência nos proporciona confiança, paz e alegria. A impermanência não conduz obrigatoriamente ao sofrimento. Sem ela, a vida não existiria. Sem a impermanência, sua filha não cresceria e se tornaria uma linda mulher. Sem a impermanência, os regimes políticos opressivos nunca mudariam. Mas nós achamos que a impermanência nos faz sofrer. O Budha deu o exemplo do cachorro que foi atingido por uma pedra e ficou zangado com a pedra. Não é a impermanência que nos faz sofrer, mas sim o desejo de que as coisas sejam permanentes, quando na verdade não são. - Thich Nhat Hanh; The Heart of the Buddha's Teaching.

Algumas pessoas acham que o budismo é pessimista, sempre falando de morte, impermanência, velhice - mas isso não é necessariamente verdade. A impermanência é um alívio! Eu não tenho uma BMW hoje e é graças à impermanência desse fato que eu posso vir a ter uma amanhã. Sem a impermanência eu ficaria preso à não-posse de uma BMW e nunca poderia vir a ter uma. Eu posso estar me sentindo muito deprimido hoje e, graças à impermanência, amanhã eu posso estar me sentindo ótimo. A impermanência não é necessariamente uma má notícia; tudo depende de como a interpretamos e a compreendemos. Mesmo que hoje nossa BMW seja riscada por um vândalo ou que nosso melhor amigo nos deixe na mão, não vamos ficar tão preocupados assim. Quando não reconhecemos que toda coisa composta é impermanente, isso é um engano, uma ilusão. Quando compreendemos isso - e não só intelectualmente - ficamos livres desse engano. É a isso que chamamos de libertação: ficar livre da crença unidirecionada e bitolada de que as coisas são permanentes. E tudo na vida é assim, quer gostemos disso ou não. Ela tem um começo, tem um fim, tem um meio. - Dzongsar Khyentse Rinpoche; Os Quatro Selos do Dharma.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

As 14 Práticas da Plena Consciência - Thich Nhat Hanh


1. Não idolatrar nenhuma doutrina, teoria, seja ela qual for, incluindo o budismo. Os sistemas de pensamento budistas devem ser considerados como guias para a prática e não como a verdade absoluta.
2. Não pensar que se possui um saber imutável ou a verdade absoluta. Há que evitar a estreiteza da mente e o apego aos pontos de vista pessoais. Aprender a praticar a via do não apego de maneira a permanecer aberto aos pontos de vista dos outros. A verdade só pode ser encontrada na vida e não nos conceitos. Há que estar disponível para continuar a aprender ao longo de toda a vida e a observar a vida em si mesmo e no mundo.
3. Não forçar os outros, incluindo as crianças, a adotar os nossos pontos de vista seja por que meios forem: autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda ou educação. Respeitar as diferenças entre os seres humanos e a liberdade de opinião de cada qual. Saber, no entanto, utilizar o diálogo para ajudar a renunciar ao fanatismo e à estreiteza do espírito.
4. Não evitar o contacto com o sofrimento nem fechar os olhos diante dele. Não perder a plena consciência sobre a existência do sofrimento no mundo. Encontrar meios de aproximação para com os que sofrem, seja mediante contactos pessoais, visitas, imagens, sons. Despertar e despertar os outros para a realidade do sofrimento no mundo.
5. Não acumular dinheiro nem bens quando milhões de seres sofrem de fome. Não converter a glória, o proveito, a riqueza ou os prazeres sensuais na finalidade da vida. Viver simplesmente e compartir o tempo, a energia e os recursos pessoais com os que necessitam.
6. Não conservar a cólera ou o ódio. Aprender a examinar e a transformar a cólera e o ódio quando ainda não são mais que sementes nas profundidades da consciência. Ao manifestar-se a cólera e o ódio, devemos focar a atenção na respiração e observar de modo penetrante a fim de ver e compreender a natureza desta cólera ou ódio, assim como a natureza das pessoas que se supõe serem a sua causa. Aprender a ver os seres com os olhos da compaixão.
7. Não se perder, deixando-se levar pela dispersão ou pelas circunstâncias envolventes. Praticar a respiração consciente e focar a atenção no que está a acontecer neste instante presente. Entrar em contacto com aquilo que é maravilhoso, pleno de vigor e de frescura. Semear em si mesmo sementes de paz, de alegria e de compreensão de maneira a favorecer o processo de transformação nas profundidades da consciência.
8. Não pronunciar palavras que possam semear a discórdia e provocar a ruptura da comunidade. Mediante palavras serenas e de atos apaziguadores, fazer todos os esforços possíveis para reconciliar e resolver todos os conflitos, por pequenos que sejam.
9. Não dizer falsidades para preservar o interesse próprio ou para impressionar os outros. Não proferir palavras que semeiem a divisão e o ódio. Não difundir notícias sem ter a certeza de que são seguras. Falar sempre com honestidade e de maneira construtiva. Ter a coragem de dizer a verdade sobre as situações injustas mesmo que a nossa própria segurança fique ameaçada.
10. Não utilizar a comunidade religiosa para o interesse pessoal nem a transformar em partido político. A comunidade em que vivemos deve, contudo, tomar uma posição clara contra a opressão e a injustiça e esforçar-se por mudar a situação sem se envolver em conflitos partidários.
11. Não exercer profissões que possam causar dano aos seres humanos ou à natureza. Não investir em companhias que explorem os seres humanos. Eleger uma ocupação que ajude a realizar o ideal próprio de vida com compaixão.
12. Não matar. Não deixar que outros matem. Utilizar todos os meios possíveis para proteger a vida e prevenir a guerra. Trabalhar para o estabelecimento da paz.
13. Não querer possuir nada que pertença a outrem. Respeitar os bens dos outros, mas impedir qualquer tentativa de enriquecimento à custa do sofrimento de outros seres vivos.
14. Não maltratar o corpo. Aprender a respeitá-lo. Não o considerar unicamente como um instrumento. Preservar as energias vitais (sexual, respiração e sistema nervoso) através da prática da Via. A expressão sexual não se justifica sem verdadeiro amor e sem compromisso. Em relação às relações sexuais, tomar consciência do sofrimento que podem causar no futuro a outras pessoas. Para assegurar a felicidade dos outros há que respeitar os seus direitos e compromissos. Estar plenamente consciente das suas próprias responsabilidades na hora de trazer ao mundo novos seres. Meditar sobre o mundo a que trazemos estes seres.

Construa pontes ao seu redor ao invés de muros


Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta. “Estou procurando trabalho. Sou carpinteiro. Talvez você tenha algum serviço para mim.” “Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho. Na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.” “Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.” O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou: “Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.” Mas as surpresas não pararam ai. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio. O irmão mais novo então falou: “Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse.” De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O carpinteiro que fez o trabalho, começou a fechar a sua caixa de ferramentas. “Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você.” E o carpinteiro respondeu: “Eu adoraria, mas tenho outras pontes a construir…” Já pensou como as coisas seriam mais fáceis se parássemos de construir cercas e muros e passássemos a construir pontes com nossos familiares, amigos, colegas do trabalho e principalmente nossos inimigos… Muitas vezes desistimos de quem amamos por causa de magoas e mal entendidos. Vamos deixar isso de lado, ninguém é perfeito, mas alguém tem que dar o primeiro passo. Portanto, construa pontes ao seu redor, ao invés de construir cercas!

As 5 Consciências no Casamento - Thich Nhat Hanh


Em Plum Village, toda vez que há um casamento, a comunidade inteira celebra a união e leva seu apoio aos noivos. Depois da cerimônia, a cada lua cheia, o casal recita as Cinco Consciências juntos, relembrando que amigos de toda parte apóiam seu relacionamento. Seja a união firmada ou não por lei, ela será mais forte e mais duradoura se tiver sido realizada na presença de uma Sangha - amigos que amam as duas pessoas e as apóiam dentro do espírito da compreensão e do amor. Antes das duas pessoas se casarem, elas têm que realizar junta a prática da plena consciência e, tornando-se casados, deverão continuar praticando as Cinco Consciências como manifestação da Plena Consciência:Somos conscientes de que todas as gerações dos nossos ancestrais e da nossa descendência estão presente em nós.Somos conscientes das esperanças que nossos ancestrais, nossos filhos e os filhos de nossos filhos depositam em nós.Somos conscientes de que nossa alegria, nossa paz, nossa liberdade e harmonia, são a alegria , a paz, a liberdade e a harmonia de nossos ancestrais, de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos.Somos conscientes de que a compreensão é o próprio fundamento do amor.Somos conscientes de que reclamações e brigas não nos ajudam e fazem apenas crescer o fosso entre nós. É unicamente graças à compreensão, à confiança e ao amor que podemos nos transformar e crescer. Na primeira consciência nos vemos como um elemento de continuação dos nossos ancestrais e um elo para as gerações futuras. Quando adquirimos essa visão, sabemos que, tratando bem o corpo e a consciência no momento presente, estamos cuidando de todas as gerações passadas e futuras. A segunda consciência nos lembra que nossos antepassados têm expectativas em relação a nós, assim como nossos filhos e netos. Nossa felicidade é a felicidade deles, e nosso sofrimento é o sofrimento deles também. Observando a fundo, saberemos o que nossos filhos e netos esperam de nós. Pode ser que ainda não os estejamos vendo em pessoa, mas eles já estão conversando conosco. Querem que vivamos de tal modo que não sejam infelizes quando se manifestarem. Os budistas vietnamitas não se vêem como indivíduos separados de seus ancestrais e sim como uma continuação que representa todas as gerações anteriores. As ações do casal não visam apenas satisfazer suas necessidades físicas e espirituais como indivíduos. Elas também têm como objetivo concretizar as esperanças e expectativas de seus ancestrais, bem como preparar as futuras gerações. A terceira consciência nos diz que a alegria, paz, liberdade e harmonia não são questões individuais. Temos que viver de modo que possamos permitir a libertação dos ancestrais que estão dentro de nós, o que significa nos libertar. Se não agirmos assim, ficaremos amarrados por toda a vida e transmitiremos isso aos nossos filhos e netos. Agora é a hora de libertarmos os nossos pais e os ancestrais que estão dentro de nós. Oferecer-lhes alegria, paz, liberdade e harmonia proporciona, ao mesmo tempo, alegria, paz, liberdade e harmonia a nós mesmos, a nossos filhos e nossos netos. Isso reflete o ensinamento da interconexão. Enquanto nossos ancestrais, que estão em nós sofrendo, permanecerem sofrendo, não poderemos ser realmente felizes. Dando um passo com plena consciência, livre e felizes ao tocar a terra, o fazemos por todos - por nossos ancestrais e as gerações futuras. As três primeiras consciências são aspectos de um ensinamento profundo. Temos que continuar a estudá-las e praticá-las para aprofundarmos a nossa compreensão. A quarta consciência é também um ensinamento básico do Buda. Onde existe compreensão, existe amor. Quando entendemos os sofrimento de alguém, ficamos motivados a ajudar, e as energias do amor e da compreensão são liberadas. O que quer que façamos com esse espírito será para a felicidade e libertação da pessoa que amamos. Às vezes , porém, destruímos essa pessoa. É como o general americano, quando disse que suas bombas tinham que destruir a cidade de Bem Tre para salvá-la. Precisamos praticar de modo a que tudo o que fizermos para os outros os torne felizes. Vontade de amar não suficiente. Se as pessoas não se entendem é impossível uma amar a outra. Quando as pessoas se casam, elas formam uma Sangha de dois a fim de praticarem o amor - cuidar uma da outra, fazer o cônjuge florescer como uma flor, tornando a felicidade algo real. A felicidade não é uma questão individual. A pessoa deve procurar sorrir pelo menos uma vez ao dia, não só por ela mesma, mas pela outra também. Tem que praticar a meditação andando, não só pela outra, mas por si mesma também. Estamos ligados a muitos seres e pessoas. Cada passo, cada sorriso tem um efeito sobre todos os que nos rodeiam. Nossa felicidade é a felicidade de outras tantas pessoas.

Raiva e Reconciliação - Thich Nhat Hanh


Retirado do Capítulo V do livro de Thich Nhat Hanh - "Peace Begins Here: Palestinians and Israelis Listening to Each Other" - Tradução Samuel Cavalcante


Era uma vez uma montanha onde muitos deuses viviam. Os deuses eram muito felizes. Eles pareciam não ter nada o que fazer. Eles passavam uma grande parte do tempo somente sentados ou caminhando. Havia um lindo riacho na montanha - a água era límpida e clara. Parecia que cada vez que alguém bebia daquela água se sentia leve e livre, sem desejo e sem raiva. Ao longo do riacho havia muitas cerejeiras que pareciam florir por todo o ano e os botões de cerejeira caíam na correnteza e se iam junto com a água. Alguns deles viajavam bastante longe, até a cidade que ficava no sopé da montanha. Existia um homem nessa cidade que sofria tanto que queria morrer. Um dia, ele viu uma pétala de flor de cerejeira na correnteza e decidiu seguir seu caminho até a fonte. Ele disse a si mesmo que iria encontrar a fonte, mesmo que levasse anos. Depois de muitos anos de caminhada, ele chegou à montanha dos deuses e eles o convidaram a se aproximar, sentar-se junto da correnteza e tomar um pouco da água com as mãos. Depois de beber a água, o homem sentiu que não tinha mais desejo, nem mesmo desejo de cura e transformação. Ele se sentiu muito cansado, não queria mais nada - queria desistir de tudo. Ele se deitou à margem do riacho e caiu em sono profundo. Durante o sono, a água continuou a trabalhar em seu corpo e em sua mente, transformando e purificando. Como ele se permitiu dormir profundamente, o trabalho de cura e transformação foi bastante fácil para ele. Ele não fez nada, apenas se deitou e permitiu que a água que havia bebido trabalhasse nele. Alguns dos deuses tomaram conta dele - pegaram dois seixinhos que pareciam olhos de gato, foram ate ele enquanto dormia e trocaram seus olhos pelos seixos. Agora ele tinha novos olhos. O homem dormira por muito tempo. Depois de uma semana, ele se acordou. Ficou em pé, viu o céu, as árvores como nunca tinha visto antes. Quando ele chegou, o céu e as árvores já estavam ali, mas ele parecia não ter visto do mesmo jeito, pois agora tinha novos olhos. De fato, tudo nele havia mudado. Tinha agora novos ossos, novo coração, novos intestinos - estava completamente transformado. Sentia-se agora como se fosse um dos deuses e não queria mais ir embora. Ele disse: "Eu não quero voltar pra casa, para aquele lugar, eu quero ficar aqui com vocês". Mas um dos deuses replicou: "Você tem que voltar pra casa e ajudar o seu povo". E o homem disse: "Se voltar pra casa, ficarei sozinho. Não conseguirei lidar com isso lá embaixo. É tão difícil! Eu não quero voltar nunca mais para aquele lugar". Um dos deuses, porém disse-lhe: "Olhe, quando você voltar pra casa, não verá mais as coisas do mesmo jeito que via no passado. Antes, você enxergava o céu e as árvores, mas agora, depois de uma semana, você já vê realmente o céu e as árvores. Não tenha medo de voltar pra casa. Com seus novos olhos, novos pulmões e novos ossos você verá as coisas de maneira diferente, não precisará sofrer. E sabe de uma coisa? Mesmo quando você voltar você continuará a nos ver. Nós não estamos somente aqui, estaremos lá embaixo com você". O homem então entendeu. Disse adeus aos deuses, à montanha e ao riacho e começou a jornada de volta. Mas desta vez, não levou vários anos, como para subir. Levou apenas uma manhã. Os deuses estavam certos. Quando chegou em casa com seu novo ser, ele não viu a situação de maneira tão ruim e desesperadora como antes. Ele agora era capaz de olhar com solidariedade e clareza, seu coração estava aberto e era capaz de redescobrir os seres humanos de uma forma nova. Ele sentiu a solidariedade crescendo nele por que viu que muitos seres humanos estavam presos a idéias, ideologias, religião e cultura e que, por isso, sua verdadeira natureza humana não podia ser vista. Mas agora, depois que se tornou uma pessoa livre, pôde descobrir seres humanos mesmo dentro de verdadeiros cadáveres. Por isso, quando ele os olhava e os ouvia, não se sentia mais irritado ou frustrado. Com seu sorriso, podia ajudá-los a mudar sua situação. Ele descobriu que não estava sozinho. Todos os deuses com os quais se encontrara na montanha estavam bem ali para ajudá-lo e para lhe fazer companhia. Essa estória é feliz por que o homem foi capaz de passar sete dias na montanha permitindo a si mesmo ser objeto de transformação e cura através da água da solidariedade. Ele não fez absolutamente nada durante o tempo em que ficou na montanha. Não praticou nada, praticou a não prática. Apenas permitiu a si mesmo ser abraçado pela montanha, pelo riacho, pelas árvores, para se renovar. Assim, ele conseguiu novos olhos, novos ouvidos, novos ossos e novo coração. Se ele tivesse ido à montanha somente para procurar idéias e respostas para levar pra casa, não teria sido capaz de retornar solidário e sem medo. Ele não foi à montanha em busca de teorias, ideologias, táticas ou estratégias. Ele foi lá para se renovar e deixou que essa renovação ocorresse. Quando voltou para casa, não levou ensinamentos, práticas ou respostas - apenas levou a si mesmo, totalmente renovado. Vocês (israelenses e palestinos, NT) não precisam de respostas de outras pessoas sobre como mudar suas relações pessoais e com o resto do mundo. Se vocês mudarem seus olhos e corações, não precisarão de mais nada. Não precisam de nenhuma prática ou estratégias. Encontrem o riacho, bebam da sua água, deitem-se e permitam que a água faça o resto.Como Seres Humanos, Somos Exatamente o Mesmo. Às vezes é mais fácil ficar com raiva do que expressar seu próprio sofrimento. Os israelenses pensam que não são árabes, mas são muito semelhantes aos árabes. São seres humanos. Eles não querem morrer, mas viver em segurança. Eles querem fraternidade, irmandade e paz. Estamos separados por nomes como "Budista","Cristão","Judeu", "Muçulmano". Quando ouvimos uma dessas palavras, vemos uma imagem e nos sentimos alienados, não nos sentimos conectados. Construímos muitas estruturas para estarmos separados uns dos outros e para fazermos sofrer uns aos outros. Por isso é importante descobrir o ser humano na outra pessoa, e ajudar a outra pessoa a descobrir o ser humano em nós. Como seres humanos, somos exatamente o mesmo. Se você tem muitas camadas de roupa sobre si mesmo, você evita que outras pessoas vejam você como um ser humano. Ser "Budista" pode ser uma desvantagem, por que se você carrega esse título pode ser um obstáculo e as pessoas podem não ser capazes ver o ser humano em você. Da mesma maneira se carregar a marca "Muçulmano", que pode fazer muitas pessoas se desviarem de você, pois elas estão tão agarradas a essas noções que não podem se reconhecer umas às outras como seres humanos. É uma pena. É por isso que o Mestre Lin Chi disse que você tem que queimar todos esses obstáculos, jogá-los fora e queimá-los. Esta é uma prática verdadeira - queimar tudo para que o ser humano seja revelado. Este é o trabalho da paz. Em 1963, eu estava sentado com alguns dos meus estudantes no campus da Universidade de Columbia em Nova Iorque. A manhã estava linda, o sol estava brilhando e estávamos conversando entre nós sobre a prática budista de remover conceitos. De repente, alguém passou, parou, olhou para mim por alguns segundos e me perguntou: "Você é budista?". Olhei para ele e disse "Não". Disse uma mentira? Espero que meus estudantes tenham me entendido naquele momento. Se eu tivesse dito "Sim, sou budista", ele poderia ser apanhado pela idéia do que um budista deva ser, e isso não vai ajudá-lo. Assim, "Não" foi de mais ajuda que um "Sim". Esta é a linguagem do Zen. Se você diz ou faz alguma coisa é para ajudar a desfazer os nós nas mentes das pessoas e não amarrá-las. É por isso que a linguagem que usamos deve ter como objetivo a libertação. Quando ouvimos os palestinos e todo o sofrimento pela qual passam, entendemos seu sofrimento por que sofremos também. Não queremos comparar nosso sofrimento com o deles, mas entendermos o sofrimento como uma realidade. Esta é a Primeira Nobre Verdade, "o sofrimento existe". É claro, queremos que o sofrimento acabe. Não queremos que eles sofram mais. E se alguém dissesse: "Estamos sofrendo. Fomos vítimas. Você ficará do nosso lado? Você estará comigo para se opôr a todos aqueles que criaram esse sofrimento?". Então seria muito difícil de responder. Você está com eles, compreende profundamente seu sofrimento, mas se pedem pra você se juntar a eles na luta pela destruição daqueles que acreditam ser seus inimigos, você reluta, você sabe que eles tentaram esse método por vários anos e não conseguiram. Eles não estavam sozinhos nesta luta - tiveram apoiadores tanto no país quanto no estrangeiro, mas essa corrente de ação - tentar destruir os chamados inimigos - não deu em nada e, de fato, não diminuiu o sofrimento, apenas o aumentou. Reluto em dizer que estou do seu lado, que eu apoio vocês de todo coração, que farei tudo o que vocês quiserem que eu faça. Não estou pronto pra escolher um lado assim. Eu perguntaria: "Sim, estou pronto pra ficar do seu lado, mas você está pronto pra ficar do meu? Sou um ser humano como você, você sabe qual o meu lado? É o de que o sofrimento deve parar. Concordo com você que algo tem que ser feito e deveria ter sido feito para parar o sofrimento. Mas eu não posso concordar com outras coisas da sua posição. Quero agir, quero ter solidariedade, mas não quero agir baseado na raiva, na violência e na discriminação. Se você ficar do meu lado, estarei com você cem por cento". Quando você apóia alguém, você traz consigo todo o seu ser nesse apoio. No seu ser está sua sabedoria e solidariedade. Sem essa sabedoria e solidariedade você não pode apoiar ninguém. Se eu ficar do seu lado, não vai significar que eu irei ajudar a construir uma cerca, destruir uma cidade ou levar uma bomba para explodir os passageiros. Apesar de estar com você no seu sofrimento e no seu desejo de acabar com o sofrimento, não posso estar com você nesse tipo de ação. Acredito que existem muitas maneiras de acabar com o sofrimento e ajudar os chamados inimigos a também acabar com o sofrimento deles. Para mim existe um caminho bastante claro. Se mantivermos os venenos do desespero, da raiva e da violência dentro de nós, continuaremos a sofrer, e qualquer ação que fizermos não beneficiará ninguém. Por isso, ir à montanha, deitar-se e deixar que a água da solidariedade transforme você e remova esses venenos é crucial. Não estou aqui na montanha para pedir aos deuses que se juntem a mim no combate aos meus inimigos. Estou aqui para permitir aos deuses que me ajudem a remover os venenos da violência, medo, desespero e raiva. Então eu sei que, quando eu voltar para casa como uma nova pessoa, poderei ajudar muitas outras pessoas, pois desta vez, estarei equipado com os elementos da compreensão, solidariedade, serenidade e solidez. Injustiça é sofrida pelos dois lados. Os palestinos têm sofrido muito. E quando os israelenses vêm e descrevem para nós o seu sofrimento, somos capazes de ver que também têm sofrido. Esse tipo de compreensão é crucial. Uma vez que a compreensão e a solidariedade tenham nascido em nosso coração, os venenos da raiva, discriminação, ódio e desespero serão transformados. Por isso é que a única resposta é remover o veneno e deixar que o insight e a solidariedade entrem. Então eles irão se descobrir uns aos outros como seres humanos e não ficarão desapontados com as aparências externas como "Budismo", "Islã", "Judaísmo", "Pró-americano", "Pró-árabe" etc. Este é o processo de libertação da nossa ignorância, idéias e noções e da nossa tendência a discriminar. Quando vejo você como um ser humano que sofre bastante, não terei coragem de atirar em você. Pedirei a você que venha trabalhar comigo para que tenhamos chance de vivermos juntos em paz. É uma pena - a Terra é tão bonita e existe ainda tanto espaço para todos - que continuemos a nos matar uns aos outros.

Amor e Compaixão


Todas as religiões passam uma mensagem de amor, compaixão, sinceridade e honestidade. Cada sistema procura, a sua própria maneira, melhorar a vida para todos nós. Mas se colocarmos muita ênfase em nossa própria filosofia, religião ou teoria -- se tornando muito apegados a ela, tentando impô-la a outras pessoas -- o resultado será um problema.Basicamente, todos os grandes mestres, incluindo Buda Gautama, Jesus Cristo, Maomé e Moisés, foram motivados por um desejo de ajudar seus companheiros. Eles não procuraram ganhar nada para si, nem criar mais problemas no mundo.A religião se tornou um sinônimo de grandes questões filosóficas, mas é o amor e compaixão que repousam em seu núcleo. [...] A experiência da prática do amor traz paz de espírito e ajuda os outros. Pessoas bobas e egoístas estão sempre pensando nelas, e o resultado é sempre negativo. Pessoas espertas pensam nos outros, ajudando-os tanto quanto podem, e o resultado é felicidade. Amor e compaixão são benéficos tanto para você quanto para os outros. Através de sua bondade direcionada aos outros, sua mente e coração vão se abrir para a paz. - Dalai Lama

Lenda budista


Conta uma velha lenda budista que um menino tinha mau gênio. Seu pai, um velho sábio, deu-lhe um saco de pregos e lhe disse que, a cada vez que perdesse a paciência, ele deveria pregar um prego atrás da porta. No primeiro dia, o menino pregou trinta-e-sete pregos. À medida que ele aprendia a controlar seu gênio, pregava cada vez menos pregos. Com o tempo, descobriu que era mais fácil controlar seu gênio do que pregar pregos atrás da porta. Chegou o dia em que pode controlar seu caráter durante todo o dia. Depois de informar a seu pai, este lhe sugeriu que retirasse um prego a cada dia que conseguisse controlar seu caráter. Os dias se passaram e o jovem pode finalmente anunciar a seu pai que não havia mais pregos atrás da porta. Seu sábio pai pegou-o pela mão, levou-o até a porta e disse: “Meu filho, noto que tens trabalhado duro, mas veja todos estes buracos na porta. Nunca mais será a mesma. Cada vez que perdes a paciência e sentes raiva, deixas cicatrizes exatamente como as que vês aqui. Tu podes insultar alguém e retirar o insulto, mas, dependendo da maneira como falas, poderás ser devastador e a cicatriz ficará para sempre. Uma ofensa verbal pode ser tão daninha quanto uma ofensa física.

Salmo 23


Para: Eliminar as impurezas do pensamento e do coração. Aumentar o conhecimento. Reconciliar-se com todas as pessoas. Proteção espiritual, afastar a insegurança e falsas amizades.


1 Salmo de Davi.O Senhor é meu pastor, nada me falta, nem faltará.

2 Em verdes campos me faz repousar, me conduz por águas tranqüilas

3 e reanima minha alma. Guia-me pelos caminhos da justiça. “Honro Teu nome e Teu amor por mim.”

4 Mesmo que eu ande por um vale de sombra, não temo mal algum, pois bem sei que ao meu lado está o Senhor. Teu bastão e Teu cajado me confortam. Estou sob Tua forte e poderosa proteção.

5 Na presença dos meus adversários, prepara-me uma linda e abundante mesa para minha tranqüila refeição, unge minha cabeça com óleo perfumado, minha taça transborda de tanta satisfação.

6 Com Teu amor, prospero sempre! EU SOU eternamente grato ao Senhor, que me é fiel, me acompanha e sempre me acompanhará por todos os dias de minha vida. Habito na casa do Senhor, desde longa data para todo o sempre.

"Se vivemos uma vida de plena paz ou de conflito, isso, em última análise, é determinado pelas nossas atitudes. Portanto, aqueles que receberem o meu rosário e o recitarem, receberão em primeiro lugar e acima de tudo o mais misericórdia, e essa misericórdia que desce para vossa taça (...) encherá toda a vossa casa até que a abundância da vossa misericórdia que foi invocada e vos foi desenvolvida possa se ampliar em círculos cada vez mais amplos". - Kuan Yin

Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da Terra. Quando se efetivar a reconciliação com todas as coisas do céu e da Terra, tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu amigo, coisa alguma do Universo poderá causar-te dano. Se és ferido por algo ou se és atingido por micróbios ou espíritos baixos, é prova de que não estás reconciliado com todas as coisas do céu e da Terra. Reflexiona e reconcilia-te. Esta é a razão por que te ensinei, outrora, que era necessário te reconciliares com teus irmãos antes de trazeres oferenda ao altar. Dentre os teus irmãos, os mais importantes são teus pais. Mesmo que agradeças a Deus, se não consegues, porém, agradecer a teus pais, não estás em conformidade com a vontade de Deus. Reconciliar-se com todas as coisas do Universo, significa agradecer a todas as coisas do Universo. A reconciliação verdadeira não é obtida nem pela tolerância nem pela condescendência mútua. Ser tolerante ou ser condescendente não significa estar em harmonia do fundo do coração. A reconciliação verdadeira será consolidada quando houver recíproco agradecer. Mesmo que agradeça a Deus, aquele que não agradece a todas as coisas do céu e da Terra, não consolida a reconciliação com todas as coisas do céu e da Terra. Não havendo a reconciliação com todas as coisas do Universo, mesmo que Deus queira te auxiliar, as vibrações mentais de discórdia não te permitem captar as ondas da salvação de Deus.Agradece à Pátria. Agradece a teu pai e a tua mãe. Agradece a teu marido ou a tua mulher. Agradece a teus filhos. Agradece a teus criados. Agradece a todas as pessoas.Agradece a todas as coisas do céu e da Terra. Somente dentro desse sentimento de gratidão é que poderás ver-Me e receber a Minha salvação.Como sou o Todo de tudo, estarei somente dentro daquele que estiver reconciliado com todas as coisas do céu e da Terra. Porque sou Amor, ao te reconciliares com todas as coisas do céu e da Terra, aí, então, Me revelarei.

Revelação Divina da noite de 27 de setembro de 1931

Permaneça calmo e silencioso (em meditação) todas as noites, durante meia hora, no mínimo, e de preferência por mais tempo, antes de deitar; e novamente pela manhã, antes de começar as atividades diárias. Isso produzirá um invencível e inquebrantável hábito interno de felicidade, que o tornará capaz de enfrentar todas as situações difíceis da luta diária pela vida. Com essa imutável felicidade interior, procure atender às exigências das suas necessidades diárias.

Não fique constantemente pensando num determinado problema. Deixe-o repousar de vez em quando e ele poderá resolver-se por si mesmo; mas esteja atento para você não descansar demais, a ponto de perder o discernimento. Em vez disso, use esses períodos de repouso para penetrar profundamente na calma região do seu Eu interior. Sintonizado com sua alma, você será capaz de pensar corretamente a respeito de tudo o que está fazendo e se seus pensamentos ou ações tiverem se desviado, poderão ser realinhados. Esse poder de sintonia divina pode ser adquirido pela prática e esforço.

"Sorria de um modo novo, com o sorriso sempre renovado de Deus, a cada segundo e a cada minuto. Sorria todos os dias do ano e continue sorrindo divinamente e eternamente"
Paramahansa Yogananda

Não estrague o seu dia!!!


♥ A sua irritação não solucionará problema algum.

♥ As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.

♥ O seu mau humor não modifica a vida.

♥ A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.

♥ A sua tristeza não iluminará os caminhos.

♥ O seu desânimo não edificará ninguém.

♥ As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.

♥ As suas reclamações, mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você. NÃO ESTRAGUE SEU DIA!

♥ Aprenda com a Sabedoria Divina a desculpar a si e aos outros infinitamente, construindo e reconstruindo sempre, para um bem infinito.
"DEIXE DE LADO TODA A CARGA. QUANTO MAIS ALTO VOCÊ QUISER CHEGAR, MENOS CARREGADO TEM DE ESTAR." - Osho


"Sempre que houver alternativas tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortavel, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências." - OSHO
Imaginação é tudo. É a prévia das atrações da vida que estão por vir.
Albert Einsten
Quem busca a força em Deus nunca será derrotado. Quem se inspira na Sabedoria de Deus jamais se desorienta. Os que buscam a Vida de Deus nunca adoecem. Aqueles que procuram o Amor de Deus jamais conhecem a solidão. - Masaharu Taniguchi