quinta-feira, 3 de maio de 2012
O que fazer numa traição?
Há alguns meses atrás, uma conhecida passou por um momento difícil, extremamente delicado e decepcionante, pois descobriu que estava sendo traída pelo seu marido. Desesperada me procurou para pedir conselho. Na época, eu a aconselhei a perdoá-lo, achava que seria a melhor maneira para resolver a questão, pois o tamanho do seu perdão revelaria o tamanho do seu amor por ele. Pensei também nas crianças envolvidas, no casamento, na família que, sem sombra de dúvida, é muito mais importante que a deslizada do seu marido. Disse-lhe que é muito difícil um homem casado deixar a mulher para assumir a amante, com esta ele só tem sexo, prazer passageiro, sem elo algum. Mas quando pensei que tudo havia se resolvido, que haviam reconciliado e estavam vivendo em plena harmonia, novamente ela descobre que o marido a continuava traindo. Então volta para me pedir conselhos e até a minha opinião nessa situação. Disse-lhe que é difícil dar opinião numa situação dessa, pois envolve pessoas, família. Que ela devia ouvir o seu próprio coração, mas que não tomasse nenhuma decisão precipitada nem criasse um inferno na sua vida. Falei para ela tentar se acalmar e entregar o problema nas mãos de Deus e relaxar, não se preocupar, pois Ele com certeza lhe traria a melhor solução. Imagino que não é fácil lidar com uma traição, principalmente quando vem de alguém muito próximo de nós, o qual temos no mais alto conceito e acreditamos na sua mais elevada integridade. Sem sombra de dúvida a decepção é pior que a própria traição.
Não somos donos da verdade, nem temos plena consciência de tudo que nos acontece, mas somos 100% responsáveis por nossas vidas. Na realidade, tudo que nos cerca revela o estado do nosso espírito. Nosso nível é revelado pelas pessoas que estão próximas de nós. Quando melhoramos o nosso nível - nossos pensamentos, atitudes - tudo se transforma, nossa vida muda e nossas companhias também, pois semelhantes se atraem.
Kuan Yin, a Deusa da Misericórdia e da Compaixão, nos pede para termos misericórdia e compaixão com nossos irmãos. Mas, vejamos que para isso não precisamos ficar perto deles, sendo condizentes com os seus erros.
Jesus nos pede que perdoemos não somente sete vezes, mas sete vezes setenta vezes. Perdoar não signifi ca que a pessoa tenha que aguentar uma sucessão de falta de respeito, de falta de consideração, de rejeição e ainda ficar se sujeitando a certas humilhações.
Uma relação saudável e harmoniosa se dá quando as pessoas envolvidas se entregam por completo, se respeitam, se empenham em fazer a outra feliz, caminham juntas. Mas se uma pensa somente em si, na sua própria felicidade e fica buscando prazeres "externos" tendo vida paralela, é porque não existe envolvimento, portanto não há necessidade de se manterem próximas. Para quê? Ninguém é de ninguém, ninguém é obrigado a ficar com quem não quer. Todos nós temos o direito de viver o que quisermos e com quem quisermos. Hoje, não há a obrigação de se manter preso numa relação onde não existe respeito, e muito menos vontade de estar com a pessoa.
Hoje, não há necessidade da traição. As pessoas devem viver da forma que desejarem e com quem as faz felizes.
A família é o que há de mais sagrado, não existe nada no mundo que seja mais importante e valioso que a nossa família. Se uma pessoa não sabe valorizar a própria família, o que podemos esperar dela?
A vida é curta demais para perder tempo com quem não merece.
Exatamente no momento da revelação do baixo nível de uma pessoa que devemos manter o nosso.
Uma pessoa com discernimento sabe exatamente o que é certo e errado, sabe perfeitamente o que é bom e o que não é. Sabe fazer escolha. Se escolheu mal ou tomou o caminho errado, tem que saber assumir; se andou na contramão, então deve retornar e refazer o caminho. Se quebrou alguma ponte, vai ter que reconstruí-la.
O melhor numa situação como essa é a conversa franca, o bom diálogo para se chegar a uma reconciliação ou mesmo a uma separação, se for o caso. Esta seria uma atitude mais digna a se esperar de uma pessoa íntegra ou que assim fosse neste momento, onde vidas, destinos estão em jogo.
Texto do livro "Kuan Yin a Mãe Divina e Amorosa em nossas vidas... e os milagres continuam acontecendo", Ascend Editora.
www.ascendeditora.com.br